de Ana Carla Gomes Fedtke e Eberhard Fedtke
> Os temas emigração, voltar a minha casa e viver fora na diáspora tiveram sempre uma posição de destaque para um povo de emigração. Todas as tentativas periódicas do estado português para encontrar uma solução elástica e equilibrada, desta envergadura política e social, não deram resultados suficientes no passado. A rapsódia oficial do sol, do ambiente pacífico e social, do futebol ultra, do vinho e do fado, não chega para uma reemigração séria e eficaz. Várias razões e fundamentos estão na base, pouco épica, para um povo, onde mais de metade da população com boa razão emigra, para mais de 80 países do mundo, e só poucos voltam para viver aqui, apenas na reforma, não na vida ativa. A sociedade portuguesa perde constantemente, todos os anos, imensos números de capacidades e valores humanos, de preferência women power. A indústria e a economia do país seriam felizes se recebessem mais reemigrantes que importam, simultaneamente, experiências úteis sociais e sociopolíticas de fora. Sondagens provam que uma ótima condição, para qualquer posição elevada na economia e na administração pública, é uma educação académica em Portugal, assim como qualquer tempo de aprendizagem autêntica, num país fora de alto standard social.
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Não chega um conceito elaborado do estado, sem oferecer vantagens de certa monta no setor financeiro. No artigo «Programa Regressar – uma brincadeira politica?» que publicámos no PORTUGAL REPORT, nº 77, as ideias e regulamentos do estado português para bater basicamente o permanente desequilibro demográfico, no que toca à perda deste povo inteligente e eficaz, redundou numa emigração pesada e preocupante. Também nesta pandemia foi sendo demonstrada a falta de âncoras de salvação social suficientes. Não ter qualquer emprego é um fatalismo atual, um problema em crescendo, particularmente para os jovens. O Estado trabalhou com uma resolução do Conselho de Ministros de 14 de março de 2019, tendo em vista que as pessoas que tivessem saído até dezembro de 2015, ser-lhes-iam oferecidos subsídios financeiros para que se tornassem residentes num curto espaço de tempo. Ora, com um teto de 6.536 euros para uma família inteira, bem instalada, “fora”, em qualquer país, com trabalho certo e segurança social, era como que uma esmola sem qualquer estímulo e atração, voltar para Portugal. Aqui vive bem apenas uma sociedade aristocrática arcaica, que ainda não tem coragem de minimizar ou terminar com a sua estrutura política de «exclusão de partes da sociedade para a igualdade», para não oferecer nem praticar esta mesma igualdade, tolerando oportunidades satisfatórias em todas as classes sociais, com o objetivo fundamental de limpar o simples obstáculo de que não se dispõe de um sistema moderno social, justo para o povo de condição social média e baixa. Privilégio há o apenas para uma elite e para as suas famílias, em todo o sentido. Crianças e jovens, por exemplo, que não fazem parte desta pequena elite fechada, não têm oportunidades iguais de uma educação adequada e para ter uma profissão digna, ficando esta reserva intelectual concreta disponível, somente, para emigrar – um circulo vicioso. Em resumo: estes planos ambíguos para efetivar este regresso foram, por parte do Estado, estratégias políticas sempre mal pensadas, economicamente desproporcionadas e, na soma de todos aspetos sociais, totalmente irrealistas, como prova a vida cotidiana. No fim, pode apontar-se uma situação nada saudável para a renovação das estruturas futuras do país. Nas diásporas fora, as pessoas sabem: um bom projeto economicamente sustentável da vida, para depois voltar a casa é um risco fundamental, nomeadamente para uma família com muitas cabeças.
Assim, o Estado mudou, para não perder os laços com os próprios compatriotas, readaptando a sua tática. A demanda da nova e determinada filosofia, apresentada com muita aclamação no primeiro Congresso de Diáspora Portuguesa, no dia 13 de julho de 2019, no Porto, foi apenas titulada de forma poética. «Se não regressas, emigrante, vou ter contigo lá fora». Sobre esta nova inspiração política e social publicámos, também um artigo, no PORTUGAL REPORT, nº 78. Faltam fazer ainda algumas experiências, indagar, por exemplo, se esta nova sensibilização com o mundo dos emigrantes tem resultados positivos, no sentido de se chegar a um contacto, também, com a segunda e terceira geração, nascidas na diáspora. Algumas delas nunca visitaram Portugal, pelo menos uma vez, nas férias. Convenhamos, contudo, que a manter-se a atual situação higiénica no mundo inteiro, no futuro, isso seja cada vez menos possível, já para não falar naqueles casos em que as novas gerações nem sequer sabem uma palavra de português, encontrando-se, ao invés, completamente integradas na cultura do país de nascimento e com um cunho prevalecente dessa cultura estrangeira. A nova direção com o intuito de reforçar as ligações com a diáspora deve seriamente provar, se não será mais uma canção lírica. Aliás: quem paga os custos suplementares e consideráveis?
No entanto, não se deve desesperar: adicionalmente, a estratégia tripla estatal, para evitar a emigração de capital humano, de animar certos grupos de emigrantes, para não regressarem apenas no tempo da reforma, terá de passar, finalmente, por reforçar de forma básica, uma ligação geral e forte na diáspora, para se obter, de forma lenta, mas viva, o aspeto de uma eventual reemigração, existe, contudo, um aspecto importante, ainda que errado, mas lancinante: as crianças dos emigrantes, nascidas fora e, em caso favorável, com uma dupla nacionalidade, possam demonstrar a vontade de voltar, querendo dizer com isto que, emigrem do país que os viu nascer para o país dos seus próprios pais.
No arquivo deste jornal encontra-se uma reportagem sobre esta migração, na quarta categoria, com sucesso completo em todos aspetos. Este artigo fala de dois jovens portugueses, nascidos na Alemanha, que com uma educação completa escolar e profissional alemã, tendo os pais deles emigrado para a Alemanha, não se lhes desfez o seu sonho de viver em Portugal. Estes dois jovens empresários, corajosos, celebram os primeiros dez anos de atividade comercial em Portugal. Sentados elegantemente com as suas mulheres num restaurante na praia da Comporta, exposta ao sol, e com a riqueza da comida alentejana nos pratos, sem dissonâncias, evidencia a volta num ambiente pacífico. Falam, de vez em quando, com lágrimas nos olhos, sobre estes longos dez anos de integração em Portugal; uma retrospectiva repleta de progressos e antídotos típicos desta época. São análises muito realísticas, de há dez anos atrás, a dita emigração cheia de planos e atividades, depois de um manifesto índice autobiográfico – um autorretrato de esperanças, e também de noites sem dormir, 16 horas de trabalho por dia. Um investimento sério, mas cheio de triunfos pessoais na exploração da própria fábrica de têxtil. São estes também os resultados alegres da integração simétrica de crianças da cultura portuguesa e alemã, sem esquecer as perspectivas de uma continuação eficaz desta colaboração familiar e de base solidária profissional e honesta. Em soma, é um resumo brilhante, com qualidade de conteúdos do fado, olhando para o retrato perfeito destes dois casais. O tom sério e a conversa solene incluem uma ampla comparação objetiva, sem crítica arrogante e comentários falsos, entre a vida na Alemanha e em Portugal, com as suas diferenças profundas sociais, individualidades no pensar e no agir, mas também semelhanças decisivas para planos e sonhos de emigrar.
Esta história dos dois casais tem como título ilustre: «Em busca do sabor português».