Bacalhau: Magnífico símbolo da cultura portuguesa
de Ana Carla Gomes Fedtke e Eberhard Fedtke
> Nomes de comidas típicas ou determinado tipo de cultura estão assoados a diferentes países, assim como a determinadas paisagens. No entanto, o famoso «hamburger» é conhecido por qualquer jovem, tal como a famosa «bola de Berlim» que é um grande sucesso em cidades como Munique ou Frankfurt. Mundialmente, associamos a qualquer parte um bom bife de Argentina, o típico queijo da Normandia ou a vodka russa. Podemos fazer uma enorme lista de sensações conhecidas e / ou reconhecidos pelo mundo fora.
Mas vamos agora concentrarmo-nos no famoso «bacalhau» português. Pensamos mesmo que o bacalhau se tornou num património histórico, um bom e «fiel amigo», um mito, desde o século XVIII. Cada vez mais, o bacalhau se tornou num hábito, numa refeição diária, não apenas nas grandes festas e eventos, mas também nos lares e nas famílias portugueses.
Hoje, o bacalhau é um prato primário, que facilmente ocupa o primeiro lugar no país, mesmo até do ponto de vista religioso. A bênção para todos aqueles que adoram o bacalhau é o festival de Aveiro que costuma decorrer entre 10 e 14 de agosto, na cidade de Aveiro.
Um outro famoso evento é o sábado «Aleluia», mais concretamente o enterro do bacalhau, por altura do fim da quaresma. Noutras épocas, o evento realizava-se apenas num determinado período.
O bacalhau no dia 24 de dezembro é a sensação natalícia. Desde o início do advento até à noite de Natal, por tradição religiosa era a de que era proibido comer carne.
No dia 24 de Dezembro, precisamente, a cultura portuguesa manda comer bacalhau cozido com couve cozida. Como a mesa portuguesa é, por norma, rica e abundante, no dia seguinte, ou seja, no dia 25 de dezembro, juntam-se os restos do dia anterior e faz-se aquilo a que aqui no norte se designa por «roupa velha».
Existem inúmeras receitas para confecionar o bacalhau, apresentando-se este mais ou menos salgado. Vítor Sobral, um famoso restaurante no Alentejo, recolheu mais de 500 diferentes receitas. Um número como 1000 receitas é também realista, elas constam de um livro. Na nossa cozinha encontra-se disponível este livro, cuja finalidade é mesmo essa: oferecer a maior diversidade possível de receitas para confecionar o «tão aclamado» bacalhau.
O bacalhau tornou-se também numa atração turística. O Bacalhau à lagareiro é conhecido no norte, nomeadamente nas Beiras quer na Beira litoral quer na Beira baixa, onde é confecionada com azeite. O bacalhau à Zé do Pipo é especialmente feito num restaurante no Porto. O bacalhau à Brás é particularmente conhecido na zona do Porto. Esta receita é uma mistura com puré e maionese, ganhando o primeiro prémio em 1960 numa competição cultural de culinária. Os famosos pastéis de bacalhau apareceram pela mão de Carlos Bandeira de Melo no seu famoso livro «Tratado na cozinha na copa.» Já no que ao bacalhau com todos diz respeito, é uma não mais do que uma junção de bacalhau, batatas, couve e azeite de alho, mais conhecido como o «fiel amigo».
Vale a pena estudar o mercado do bacalhau assim como o seu dinamismo fantástico, e as suas receitas emblemáticas e famosas peculiaridades. Este dinamismo trás como sempre um entusiasmo acrescido que prevalece e prevalecerá na mentalidade portuguesa, assim como na sua alma. Verdadeiramente enraizada, verdadeiramente lusa!